Angela Bassett fala sobre sua experiência como diretora em American Horror Story

Angela concedeu, nesta quinta-feira (20), uma entrevista via telefone ao Hollywood Reporter a respeito da sua primeira experiência como diretora em American Horror Story. Confira a seguir a entrevista traduzida:

VANITY FAIR: Olá!

ANGELA BASSETT: Esta é Angela Bassett almoçando. Sou multi-tarefas.

VANITY FAIR: Mastigue bem! Você ficou nervosa por dirigir o episódio com a grande mudança?

ANGELA BASSETT: Com certeza, de maneira positiva. Me deixou trêmula. Olhando pelo lado bom, houve muita coisa boa para cada dia de filmagem. Você começa nervoso, mas no final você está tipo “ufa, nós conseguimos”.

VANITY FAIR: O que lhe surpreendeu mais sobre ir para o outro lado das câmeras?

ANGELA BASSETT: Acidentes de carros, perseguições e monstros. Não filmar numa maneira convencional, e sempre ter que se lembrar de “desenquadrar” um pouco. Você quer que fique bom—mantendo a ideia de câmeras de segurança—mas ainda tem que fazer parecer exuberante e interessante. Mesmo que as vezes câmeras assim sejam bem estáticas. Altas e abrangentes, sabe? Mas do jeito que o roteiro foi escrito, era uma oportunidade de quebrar isso um pouco. Filmar com iPhones, toda aquela ideia. Não ser capaz de ver tudo como está acontecendo. As vezes botar os celulares nas mãos dos atores. Nós nos tornamos nossos próprios cinematógrafos, sabe?

VANITY FAIR: Quantas vezes mais veremos as filmagens de iPhone que os próprios atores filmaram?

ANGELA BASSETT: Aumenta com o passar da temporada. Lá para o fim tem bem mais deles filmando a si mesmos. Neste sexto, houveu uma mistura. Mas definitivamente iPhones num carro, durante um acidente.

VANITY FAIR: Você trabalhou com tantos destes atores de American Horror Story por anos. Algum deles teve algum prolema em ver você como diretora e não somente atriz? Eles lhe deram trabalho?

ANGELA BASSETT: Não me deram nenhum dia de trabalho. Você sabe a linguagem deles, entende? Eu acho que de ator para ator, conhecendo a linguagem de um ator—objetivos, necessidades e paradas—, só de saber como se comunicar com eles já ajuda muito. Assim que eles olham de lado e dizem para si mesmos “ah, ela é a diretora”, eles abrem os corações e os ouvidos.

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VANITY FAIR: Você gostaria de ter tido um episódio mais simples para fazer sua estreia?

ANGELA BASSETT: Em alguns momentos, claro que sim—mas eu não estava sozinha. Nós tivemos um novo diretor de fotografia naquele episódio: Gavin Kelly. E ele estava bem animado, sua energia era contagiante. Quando o conheci, eu disse “confio em você” e eu relaxei e foi tipo, “agora você tem de me acompanhar”. Mas com todos os ângulos de câmera e oportunidades [de filmagens encontradas] disponíveis, tivemos que lutar os nossos instintos convencionais do que é o normal ver. Mas isso significou que poderíamos nos divertir mais, e pensamos “bem, podemos por câmeras em qualquer lugar, pois são todas câmeras de segurança”.

VANITY FAIR: Ryan Murphy disse que Kathy Bates Sarah Paulson não sabiam da grande mudança até o episódio 4. Você teve essa informação adiantada, já que você seria diretora?

ANGELA BASSETT: Eu tive sim informação privilegiada. Eu não tive os roteiros tão cedo em relação ao tempo em que os outros receberam, mas tive a vantagem de ver uma versão do episódio e já estava lendo o episódio 6. Me senti mais segura a respeito da jornada e do arco da personagem.

VANITY FAIR: Quais foram os desafios em deixar esta temporada em segredo do mundo todo?

ANGELA BASSETT: Fomos proibidos de falar com a impressa, o que me deixou feliz. Poderíamos nos concentrar e almoçar  pois são nestes momentos que querem que você fale com a impressa. Você pode fazer sua própria salada—tipo, o que esses tomates secos, camarões e nozes estão fazendo aqui? Meu Deus. É muita coisa numa salada. Então deu certo para mim, deixar tudo por baixo dos panos.

VANITY FAIR: Você ficou surpresa pelo fato de não terem vazado muitas coisas?

ANGELA BASSETT: Eu fiquei, pois tivemos coisas no meu episódio, como a cena de casamento onde tivemos atores convidados no cenário. Eu fiquei surpresa que todos mantiveram segredo. Algumas coisas vazaram, e ficamos tristes—mas fazer o quê? E eu tive que dirigir a cena onde a personagem de Kathy, Agnes, está correndo com um cutelo numa rua em Hollywood. Eu disse, “escutem, como diabos vamos gravar isto na rua e manter segredo?”, mas tem tanta coisa louca acontecendo ali que acho que pareceu  somente mais um dia normal.

VANITY FAIR: Já que você estava interpretando uma versão do personagem de Adina Porter, vocês duas chegaram a trabalhar juntas para desenvolver Lee?

ANGELA BASSETT: Não, na verdade estávamos separadas até este episódio. Nós só podíamos ler as palavras na página. Mas Sarah, Cuba, e eu não tínhamos ideia alguma de como Adina, Lily (Rabe) e André (Holland) estavam interpretando—o que foi um tanto desconcertante. Nós estávamos parecidos, ou ia parecer insano? E como mágica, tudo fez sentido. Sarah e eu tivemos conversas do tipo, “ok, não é como se eu, Angela, estivesse interpretando um personagem e eu o possuísse emocionalmente”. Então era uma estranha remoção do personagem que é difícil de explicar. Então você está interpretando um alguém que está interpretando alguém que passou por algo.

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VANITY FAIR: O que você fará depois?

ANGELA BASSETT: Bem, sou substituta* para a Hillary (Clinton). Estarei na estrada, falando com pessoas e tentando finalizar tudo.

VANITY FAIR: O que você achou do debate final passar ao mesmo tempo do seu episódio?

ANGELA BASSETT: Eu sei, isso foi terrível! Nós fazemos duas exibições, e eu na verdade assisti ao debate ao vivo e perdi o episódio. Mas também, estive na sala de edição e já o assisti, tipo, 20 vezes. Agora que você mencionou isso, então, é terrível.

VANITY FAIR: Mas dentre os dois—seu episódio e o debate final—qual deles foi a maior história de horror americana na quarta-feira?

ANGELA BASSETT: Você sabe… Não quero fazer piada dos desinformados e mal-prepados, mas amei Hillary. Ela estava absolutamente presidencial e incrível. Ela estava tão segura e forte. Ela já conseguiu.

*Surrogate é um termo usado para alguém que trabalha na campanha política de alguém, chegando a substituir o candidato em questão em locais que ele não pode comparecer.

Por Gabriel Fernandes em 22 de October de 2016

"Tu fui, ego eris". Arquiteto e urbanista, ilustrador independente, colecionador de mangás e grande apreciador do gênero terror em filmes, séries e jogos.