Ensaio fotográfico de Lady Gaga com o elenco de ‘AHS: Hotel’ para a V99

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Envolta por detritos livres de impurezas de gerações de sonhos destruídos, uma certa vez tribo dinástica se une numa decadente mansão que chamam de casa. Para esta ocasião especial, Ryan Murphy e o elenco de American Horror Story: Hotel criaram personagens para um novo tipo de conto fashion que vai da tragédia americana para a elegância americana.

LADY GAGA: Eu acho que estava mais animada para conhecer Kathy Bates do qualquer outra pessoa do elenco, por razão alguma além do fato de que sou fã do trabalha dela por muito tempo. Ela é hipnotizante quando entra em ação. Ela imerge completamente em seu personagem no momento em que ela entra no cenário. Quando nós ensaiamos juntas eu sou instintivamente transportada para minhas circunstancias como a Condessa porque está tudo tão vivo nela. Ela foi a primeira pessoa a perceber (bem antes de Denis) que eu estava incorporada na Condessa o tempo inteiro. Eu fiz uma festa para o elenco para os conhecer e ela foi a primeira a chegar. Uma semana depois ela me disse, “Quando eu cheguei em sua casa e você desceu as escadas naquele vestido brilhante, você era a Condessa, certo?” Eu concordei e sorri. Ela me disse que pôde perceber que eu sou como uma criança com minha arte, o tempo todo brincando de ser algo e mergulhando cada vez mais fundo dentro da fantasia. 

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LADY GAGA: Denis O’Hare foi como meu pai no cenário, então naturalmente ele se tornou o tio russo de uma máfia de armas que faz desfiles para um dinheiro extra. E é claro que meu pai interpretaria Liz Taylor na série e nos daria uma inesquecível performance sobre transição, coragem, renascimento e restabelecimento de vida. Ele também me ajudou muito a me purificar dos pensamentos e emoções obscuras de nossas personagens. 

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LADY GAGA: Sarah Paulson é extremamente presente em todos os momentos. Ela nunca faz a mesma coisa duas vezes; ela quebra o diálogo e mergulha de volta dentro dele como uma pena flutuando através do vento em uma floresta. Na nossa cena juntas eu fiquei hipnotizada por completo com o que ela tinha a oferecer – algo tão generoso e atencioso. Em uma cena que tinha tudo para ser difícil eu de certa forma me achei em um porto seguro.

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LADY GAGA:Ryan Murphy é a minha alma gêmea criativa. Meu amigo. Meu irmão. Sua mente é sem limítes em sua busca da beleza no grotesco. Ele é um gênio criativo comandando tudo com sua maneira de contar histórias espetacular. Eu serei eternamente uma estrela para ele, e nunca esquecerei o grande presente que ele me deu como atriz. Mais do que qualquer outra coisa, obrigado Ryan pelo meu primeiro papel.

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LADY GAGA: Evan Peters tem um método forte e observador. Eu consigo ver que ele passou tempo à frente do espelho como Mr. March e talvez tenha pensado em Charles Chaplin para decidir como animar o seu rosto. Entre cenas ele é normalmente Evan ou March (coisa que alguns diriam “mas é claro” exceto trabalhando com atores você talvez experimente uma abundância de personagens quando no set – personalidades em abundância). Ele é muito transparente e o seu talento é fora de série. Nós ajudamos um ao outro nos sets. Eu realmente amei construir a história de nossos personagens juntos na cena. Nós nos divertimos. Eu fui tão sortuda de ter tido uma grande cena com a Mare Winningham e a ver transformar de uma cúmplice de assassino obediente sangrenta/tira manchas em uma mulher com o coração partido. Ela deu tudo de si, e a Condessa pode realmente sentir a sua dor. Ela e o Evan contracenaram maravilhosamente e diferente em cada cena ao decorrer da temporada.

JAMES FRANCO: Vamos falar sobre esse ensaio.

LADY GAGA: […] Então, (a maioria do elenco de American Horror Story: Hotel) Kathy Bates, Wes Bentley, Chloe Sevigny, Finn Wittrock, Cheyenne Jackson, Angela Bassett, Matt Bomer, e Denis O’Hare. Eu apenas pedi a todos que se esqueçam que a camera estava alí, ponto, e apenas estivessem lá juntos. E que Chadwick estava realmente documentando enquanto estavamos fazendo uma peça ao vivo. Nós passamos um tempo falando sobre isso nos nossos trailers do lado de fora, e quando entramos, meio que mergulhamos no ensaio. Foi maravilhoso como aconteceu. Todos reagiram diferente. Eu os pedi para improvisar no seu dia de folga. Nem todos estavam encorajados no inicio. Eu tive que ajudá-los e explicá-los, e quando estávamos lá, todos se juntaram e tudo aconteceu tão naturalmente e então essas fotos lindas aconteceram.

JAMES FRANCO: Como Kathy Bates se saiu?

LADY GAGA: Sabe, ela estava lá conosco. Quando ela chegou, no começo ela estava tipo “Eu não tenho plena certeza de como vamos fazer isso”. E então Wes começou a pular em cima da mesa da cozinha e ele estava jogando facas de lá e esfregando pizza em seu próprio rosto. Ela estava jogando a bandeira americana pelo cômodo, a bandeira… isso é incrível. Kathy só abriu uma cerveja e começou a beber e então do nada ela começou a falar, ela era nossa mãe, eu era sua filha, e Cheyenne e Wes eram meus irmãos. Wes estava sendo inapropriado comigo, e ela estava dizendo a ele o porco que ele era. O que foi realmente incrível foi ver que todos nos sentimos seguros o suficiente para recriar aquilo fora do estúdio, sem a série. Mesmo que Ryan Murphy tivesse aparecido e ele estava lá conosco, parte do que eu queria mostrar com esse ensaio foi a amizade que nasceu dessa série e também para mim, como alguém que chegou e não estava no série antes. Eles realmente me abraçaram como pessoa, e eu desenvolvi uma amizade realmente sólida com eles. Eles realmente confiaram em mim, vindo no final de semana para fazer algo como isso, e resultou em uma coisa que eu não acho – quero dizer, eu apenas acho que jamais tenha sido feita antes.

JAMES FRANCO: Ryan Murphy te procurou para o papel de Condessa em ‘American Horror Story’?

LADY GAGA: Eu estendi a mão para Ryan e disse a ele que eu era uma grande fã do show e que eu realmente queria trabalhar com ele. Ele basicamente só disse sim, imediatamente. Eu disse a ele que queria interpretar uma mulher forte mas perigosa. Nós começamos a conectar ideias pra lá e pra cá, mas a Condessa realmente meio que se tornou quem ela é depois de filmarmos os primeiros três episódios. Eu tinha uma ideia de que ela era forte, e eu pesquisei muito para faze-la tão completa dentro de mim quanto era possível, mas foi quando, ao longo do tempo, nós meio que íamos e voltávamos, para chegar em como ela seria dinâmica. Todo mundo estava meio que muito insistente que ela tinha vivido 100 anos e então ela era fria. Eu disse, “Eu sinto como se eu tivesse vivido 100 anos e eu não sou sempre fria. Às vezes eu sou bem vulnerável e insana, fraca e imprudente.”

JAMES FRANCO: Ela parece solitária, com uma necessidade nela de se conectar.

LADY GAGA: Há um desejo insaciável que está por cumprir. Há uma série de paralelos entre a personagem e a minha própria vida. Através de 100 anos ela mudou muito. Você aprende sobre o jeito que ela era antes de se tornar má – ou o que as outras pessoas pensam como má. Eu vejo como prática. Ela precisa se alimentar. Ela precisa sobreviver. Esse é só o jeito como ela existe, e é diferente de como ela existia antes. Então, o que acontece conosco, como humanos, quando começamos a mudar quem nós somos ou interrompemos nossas personalidades ou nossas almas para sempre? O que são essa instâncias e o que acontece quando elas ocorrem? O show faz você fazer perguntas sobre o bem e o mal – por que o hotel é um lugar mal e tanto, mas quando você vê o que todos estão passando dentro dele, não é tão longe do que todos nós passamos. O que você estaria disposto a fazer para sobreviver? O que você estaria disposto a fazer para ser feliz? Desse jeito, não é tão difícil de se relacionar com um drogado ou alguém que não pode viver sem uma agitação.

JAMES FRANCO: De algum modo é paralelo com o que você fez em vídeo clipes.

LADY GAGA: Eu consideraria qualquer coisa que eu fiz em meus vídeo clipes como sendo a Condessa. Eu não sei se Ryan Murphy é, mas eu tenho certeza que eu mesma sou, em alguns aspectos, inspirada pelas coisas que eu já fiz. Em alguns paralelos você pode chamar exatamente, especialmente quando se está fazendo fantasia. Então, minha inspiração para quando eu mato na série é espantar um mosca. Eu já espantei uma mosca antes. Eu nunca matei alguém com facilidade ou sem nenhum esforço – eu nunca matei ninguém de qualquer jeito – mas eu já espantei um mosca e provavelmente fiz parecer que não importava para mim. Outras vezes eu espantei um mosca e me senti muito mal sobre isso e foi uma coisa grande e eu tive meu momento.

[…]

JAMES FRANCO: Eu vi sua participação na série Sopranos. Você já atuou antes.

LADY GAGA: Oh isso é terrível. É, eu frequentei o Instituto Lee Strasberg desde que eu tinha 11 anos. Eu estudei muito método de atuação.

JAMES FRANCO: Como você entra no personagem?

LADY GAGA: Eu estudo minhas falas bastante. Essa é a primeira coisa. No caminho para o trabalho todo dia, quando estou dirigindo para o estúdio, eu tenho algumas coisas que me lembram da Condessa – suas roupas e redes de cabelo ou até maquiagem e essas coisas. Eu só coloco minha maquiagem e faço meu cabelo igual ao dela e escuto músicas que me lembram dela, dependendo de qual século e década estamos. Eu tenho várias músicas diferentes que escuto. Então em meu caminho para o trabalho eu meio que me torno ela. Eu vou ao set ensaiar, e então eu volto e boto minha peruca e minhas roupas. Essa é meio que a última coisa. Isso é totalmente irrelevante para mim, as roupas. Eu sei que parece uma grande coisa e uma grande parte disso, mas eu passei muito mais tempo praticando como eu ando e as coisas que eu digo. Eu também passo muito tempo relaxando entre as tomadas e antes de eu entrar em cena. Eu quase medito. Eu tenho que entrar lá e esquecer o que eu aprendi e apenas falar. Como com Chloë (Sevigny) – ela é minha amiga e nós estamos sempre rindo antes de eles gritarem “gravando”, e então é como se tivéssemos jogado tudo pela janela e simplesmente sintonizamos em nossos papeis. Nós só estamos escutando uma a outra. É engraçado. Tem sido importante para mim como pessoa porque – eu tenho certeza que você entende isso porque você é famoso – 90% das interações que você tem com seres humanos, não é como se eles ligassem de verdade para ouvir sobre você ou algo do tipo. Quando seu trabalho é ouvir e ter outras pessoas que escutem você, é uma coisa mágica e romântica que tem sido ótima para mim. Eu tenho conversas reais o dia todo, e é meu trabalho aprender a escutar e ser honesta. E eu nem sei se sou boa. Eu só sei o que eu estudei na escola – eu frequentei a Tisch, também. Eu sou uma total nerd por teatro. Eu li Stanislavski e tudo isso. Mas o ponto de partida é que eu tive alguns generosos atores abertos para mim no set.

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LADY GAGA: Eu acho que nunca vou esquecer o momento que Wes Bentley me encontrou no lobby do hotel e me disse o quão boa atriz ele considera que eu sou. Ele tem uma qualidade cinematográfica inegável e nos ligamos com o nosso amor por filmes mudos e diferentes tipos de atuação. Ele é uma pessoa bem profunda. A misticidade e insanidade de John Lowe está presente e ao mesmo tempo retida dentro dele. Um personagem que é tão retraído na própria mente requer um ator forte que é capaz de alcançar isto. É perigoso e doloroso e ele é o campeão desta batalha sangrenta.

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LADY GAGA: Cheyenne Jackson é um ator bem equilibrado, com uma grande conexão emocional enquanto trabalha. Nos tornamos bons amigos dentro e fora do set e ele realmente me ajudou. Assim que começamos a desenvolver nossos personagens pra “The Good People”, nós decidimos ser irmão e irmã. Eu adoro isso.

JAMES FRANCO: O que você aprendeu com eles?

LADY GAGA: Tudo. É só o que faço, aprender o que eles me ensinam. (risos) Eu estava envergonhada no começo. Eu não queria improvisar, ficar a vontade e arriscar com todos esses ótimos atores como Kathy Bates. Tipo, quem eu sou? Eu sou tipo, alguma pop star. Eu não vou fazer isso. Eu vou lá dizer minhas falas como uma boa garota e sair. Então, com o tempo, você sabe, as coisas começaram a mudar. Eu fiz uma cena de amor com o Matt Bomer, e não estava nem roteirizado para a gente fazer sexo no final da cena, mas nós simplesmente começamos a fazer sexo. Foi muito louco, mas ele é meu amigo. Nós estávamos rindo depois, nós não planejamos. Foi só o jeito como nós dissemos as falas um para o outro, nos levou àquele ponto. Bastante liberdade no set. Quero dizer, no primeiro episódio, algumas das minhas falas foram bem ensaiadas. Lá pela minha terceira cena eu comecei a ficar ousada. (risos) Haviam pontos altos o tempo todo – pessoas matando por amor – então eu e os membros do elenco estávamos sempre enfrentando os diretores e criadores e os escritores sobre quão física ia ser a cena.

JAMES FRANCO: Então eram vocês que estavam tentando aumentar o fogo em vez do contrário?

LADY GAGA: Sim. Não são os diretores nos dizendo. Nós estamos dizendo a eles, com certeza. Por que parece uma injustiça para os personagens terem que ser bonitos e seguros. Parece que temos que ir atrás para que seja compreensível para o vício de alguma forma por que o vício não é bonito. O vício é aterrorizador, mórbido e provocativo. Isso é muito sobre o que nós estamos falando.

JAMES FRANCO: Uma das coisas que eu realmente admiro sobre você é que você tem a habilidade de puxar essas diferentes esferas juntas: música e arte, atuar e performar…

LADY GAGA: E moda.

JAMES FRANCO: E moda. Então quando você decidiu que queria atuar em um show que ganhou um Emmy? Com atores que ganharam Emmys. Como você lidou com a…

LADY GAGA: A pressão?

JF: É, a pressão. O ceticismo.

LADY GAGA: Eu acho que nenhum artista deve se identificar com um meio mais do que o outro. Eu acho que está tudo bem e lindo em ser estudado em muitos meios. Eu suponho que eu simplesmente não ligo porque eu amo tanto e nada poderia valer mais do que alguém acendendo o fogo da minha paixão. Eu sei que você sabe que, você passa por limitações na sua carreira fazendo coisas que não te fazem sesentir completo e uma parte de você morre. Quando você começa a trabalhar em algo que você se sente vivo novamente, nada pode valer mais do que isso. Eu só estou tão viva. Eu vou para os ensaios com meu jeans e minha camiseta com meus atores e nós entramos lá, nos sentamos e falamos sobre as cenas. Eu sinto como se estivesse no colégio de novo, só que é melhor porque eu odiava o colégio (risos).

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LADY GAGA: Matt Bomer é um ator tão talentoso e tem sido um bom amigo uma inspiração para mim em tudo isso. Sua energia no set é intoxicante; ele nunca está cansado, sempre meditando, focado, entrando na mente de Donovan, e explorando sua capacidade física para a cena. Eu aprendi muito com ele e nossa química foi infecciosa desde o primeiro momento. 

[…]

LADY GAGA: Eu adoro a Chloë Sevigny. Esta mulher é inteligente e forte, profunda e selvagem com algumas característica de Blanche e Stella em Uma Rua Chamada Pecado. Ela é sexy e explosiva, mas também tem esta incrível vulnerabilidade. Eu acho que minha coisa favorita em trabalhar com ela é a amizade que ganhamos durante nossas cenas. O primeiro dia que trabalhamos, eu podia ver Nova Iorque em seus olhos. Uma garota de presença marcante, com uma arte punk com um talento para a fantasia. Nós pensamos quando nos vimos, “Eu te conheço” . Quando a sessão “The Good People” estava acabada, ela me disse que eu a lembrava os dias antigos do mundo fashion, como deveria ser e como era. Eu posso dizer o mesmo sobre ela. Ela me lembra sobre todos os meus amigos e os grupos de artistas que conheci através dos anos. Eu encontrei um pedaço de meu lar na Chloë. 

LADY GAGA: Depois desta sessão, Angela Bassett e eu só nos tornamos mais próximas, como acontece com a maioria das pessoas que interprentam amantes violentos. De todas as coisas que poderiamos discutir (entre uma encontrar na outra sentimentos eróticos, o que para mim foi fácil pelo quão bonita e forte ela é) eu me encontrei falando com ela sobre minha vida amorosa, deixando minha alma a mostra sobre meus medos de virar uma mulher ter filhos no meio de uma vida complicada. Então nós nos encontramos e eu iria me lamentar sobre meus medos do amor, e então eles gritariam “ação” e eu estaria apaixonada por ela no mesmo instante, enquanto ela estava providenciando para mim na vida real a mesma proteção que Ramona ofereceu para a Condessa.

LADY GAGA: É difícil saber o que falar sobre Finn Wittrock, ou de onde começar. Ele é um um ator bem refinado e extremamente aplicado. Ele tem um amor puro por sua arte e paixão por escrever, quando eu trabalho com ele eu sempre tenho uma epifania – seja sobre os personagens, a cena, ou sobre mim e minha vida. Eu podia sentir sua curiosidade genuína em minha habilidade como atriz e isso me trouxe muita confiança quando eu estava trabalhando pois eu sentia que eu estava livre para tentar qualquer coisa.

Por Gabriel Fernandes em 10 de January de 2016

"Tu fui, ego eris". Arquiteto e urbanista, ilustrador independente, colecionador de mangás e grande apreciador do gênero terror em filmes, séries e jogos.