Wes Bentley fala sobre o oitavo episódio de ‘Hotel’ em nova entrevista

O episódio desta semana de American Horror Story: Hotel respondeu uma das maiores perguntas da temporada: quem é o Assassino dos 10 Mandamentos, aquele que vem cometendo assassinatos horríveis por toda Los Angeles, “punindo” as vítimas pelos seus pecados? Acabamos descobrindo que o assassino é o detetive obcecado pelo caso desde o principio: John Lowe, interpretado por Wes Bentley. John queria exaustivamente levar o assassino à justiça, mas quando Sally revela que se tratava dele o tempo todo, e que ele estava suprimindo as memórias de seus terríveis atos, tudo muda, preparando terreno para que acompanhemos toda a descoberta sobre como ele se tornou o Assassino que estava caçando.

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Antes do episódio ir ao ar, apropriadamente chamado “The Ten Commandments Killer”, Wes Bentley conversou com a Variety sobre como ele descobriu que estava interpretando o assassino, qual o clima no set de gravação durante aquelas cenas sombrias e o que podemos esperar para o personagem.

VARIETY: John é um personagem muito sombrio, e isso atingiu o auge no episódio de hoje. É exaustivo interpretar alguém assim?

WES BENTLEY: Sim, foi difícil. Não só o material, que é muito pesado, dramático e confuso. É bem complicado de interpretar, porque nós trabalhamos diversos aspectos e também havia o fato de como a cabeça do John estava em meio a tudo isso. Trabalhamos isso por muitas horas, e eu estava lá todos os dias. Além disso, ao mesmo tempo, nós tivemos algumas coisas bem estranhas acontecendo na minha vida.
Quando você descobriu que o John é o Assassino? Você sempre soube?
Sim, a primeira vez que conversei com Ryan Murphy, ele descreveu a temporada, a ideia do Hotel e quem John era. Nós conversamos sobre família. Aí quando nós recebemos os dois primeiros roteiros e estávamos nos preparando para gravar, eu o enchi de perguntas. Ele me respondeu, mas aconselhou que eu tirasse um dia de folga, e eu fiquei pensando: “o que está acontecendo?”. No dia seguinte ele me ligou e disse: “Olha, eu não quero que ninguém saiba – ninguém pode saber isso – mas você é ‘o cara’. E eu não quero que você interprete isso, mas gostaria que isso ficasse no seu subconsciente, e quando gravarmos o primeiro episódio poderemos escolher momentos e brincar um pouco.
Quando você diz “ninguém pode saber”, isso inclui o resto elenco? Eles sabiam?
Ninguém sabia.
Isso foi difícil?
Sim e não, porque sou ótimo em guardar segredos… eu quase sequer pensei sobre isso, levando os dias como John faria, não desconfiando de nada. Algumas coisas aconteceriam, e tudo mais, mas estou medindo quanto estamos entregando ou se eu não estou entregando coisa alguma para que o elenco desconfie disso. Algumas pessoas adivinharam, mas logo se esqueceram ou deixaram para lá. Foi muito divertido ver isso acontecendo. Eles ficaram surpresos? Sim, ficaram em choque. Todos ficaram chocados. Acho que ninguém chegou para mim e disse que tinha adivinhado, a não ser Richard [T. Jones], que interpreta o Hahn. Aquilo foi muito bom. Mas aí me dei conta que tudo o que ele viu foi eu falando sobre o assassino, então talvez – espero – tenha sido isso. Acho que, no final das contas, não que eu possa falar pelos roteiristas, mas não acredito que nunca foi a intenção que isso fosse uma grande surpresa. Acho que sempre houve aquele sentimento terrível de que “Oh, pode ser o John!”. Mais ou menos como em “O Iluminado”, quando você se dá conta de que o personagem do Jack Nicholson está enlouquecendo, e fica horrorizado em ver aquilo acontecendo. Acho que isso resume bem o que estávamos fazendo, ao invés de um final ao estilo “The Usual Suspects”. 

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March fez um comentário sobre como o assassino é quem John realmente é. Você acredita que tudo isso teria acontecido se March não o tivesse “empurrado” para tal direção?

John tem um quê de justiceiro dentro de si, e suas boas intenções podem acabar o levando a cometer erros. Ele afirma que queria justiça, o que as pessoas costumam chamar de “justiça de verdade”, aquele conceito de “olho por olho, dente por dente”, acredito que isso era muito forte nele, aí com o desaparecimento do seu filho (Holden), ele meio que justificou a reação super violenta que teve. Dito isso, acho que aquilo sempre esteve dentro dele, March apenas o encorajou a colocar tudo para fora. É difícil dizer se ele teria feito tudo o que fez, mas March fez aquilo, e não foi tão difícil fazer John chegar no ponto em que chegou. Então acredito que aquilo era muito forte nele.
Depois de tudo isso você acredita que ainda exista qualquer resquício de bondade no John?
É complicado dizer, e isso era exatamente o que eu esperava. Ele é uma pessoa complicada, como todos são… John obviamente não é uma boa pessoa. Ele faz coisas ruins. Mas a parte mais complicada agora é lembrar que existe uma parte boa dele, aquela em que ele tem uma família amorosa, a que quer justiça e gosta de proteger os outros. Isso é algo interessante para se explorar. Estou curiosa em saber onde Alex fica nisso tudo.
Ela desconfiava de que algo tão macabro estava acontecendo?
Eu não tenho certeza do quanto ela poderia saber – nós estamos descobrindo coisas sobre ela e seu lado negro, e o que ela fez, faria ou tentou fazer com John para ficar com seu filho. Na minha opinião, houveram algumas cenas bem sombrias também. Não como matar alguém, mas se afundar na dor que é perder um filho, o que é parte da metáfora de alguns dos problemas abordados. Nós temos um longo caminho para percorrer ainda, estamos apenas o oitavo episódio, podemos considerar isso como um dos lugares para onde a temporada está indo.

Algumas das melhores partes do episódio foram as cenas com você e Evan Peters, nas quais March incita John. Como foi filmar essas partes?

Foi muito divertido. É absolutamente agradável gravar com ele e March é um personagem divertido, nós nos demos muito bem desde o primeiro momento em que nos vimos. Nós gostamos de brincar um com o outro e rir. As coisas que estamos produzindo são tão sombrias e diretas que as vezes é engraçado, mesmo que no meio do macabro, fazer o outro rir, ver até onde alcançamos e simplesmente nos divertirmos. Ele é um ótimo cara pra se divertir. Eu amo o Evan. Eu acho que ele é fantástico no seriado, principalmente nesta temporada. Ele está me impressionado e acima de tudo, ele é um cara legal com quem é agradável filmar.

Então tudo é bem leve no set?

Às vezes a situação domina você e você se sente nessa atmosfera sombria, mas mesmo quando isso acontece, consigo fazer piadas com alguém, se não com outro ator – caso eles queiram continuar incorporando, eu não interrompo – mas se posso sair com outra pessoa, brincar e respirar por um segundo, eu o faço. É importante para mim que eu faça isso porque caso contrário, você imerge. Isso não é necessariamente bom para o que você está fazendo e definitivamente não é bom para você.

Eu sei que você não pode me contar muito, mas o que aguarda John?

Eu fico feliz por você perguntar, porque isso significa que você tem interesse. Isso significa que um bom trabalho foi executado, porque há tantos caminhos que podemos seguir agora. Nós temos uma distância a percorrer e há vários elementos interessantes desenvolvidos e eles dão espaço para muita coisa. E o que fizemos, acredito, é inacreditavelmente interessante e divertido.

Quero ver como todos reagem, porque você começou como o único personagem são. E agora… Não sobrou ninguém [risos]. Não seria “American Horror Story” se tivesse sobrado.

Tradução por Aline Schmidt e Rafaela Tavares.

Por Gabriel Fernandes em 05 de December de 2015

"Tu fui, ego eris". Arquiteto e urbanista, ilustrador independente, colecionador de mangás e grande apreciador do gênero terror em filmes, séries e jogos.