Adina Porter fala sobre a influência por trás de Dinah Stevens, sua personagem em ‘Apocalypse’

Quarta-feira vimos o início do fim do mundo com a estreia de American Horror Story: Apocalypse. “The End” foi tão insano quanto você poderia esperar de uma temporada crossover de Ryan Murphy. Houveram bombas, organizações governamentais secretas, bunkers, vestidos excelentes e um farto canibalismo. E, no meio disso tudo, Dinah Stevens, personagem de Adina Porter. A seguir spoilers do primeiro episódio de American Horror Story: Apocalypse.

Decider teve a change de falar com a atriz nomeada ao Emmy sobre suas aparições na icônica série antológica. Porter falou sobre o que aconteceu durante a filmagem do jantar grotesco, os vestidos incríveis e porque esse apocalipse é diferente do que já vimos antes.

Na normalidade de American Horror Story, quando Porter foi chamada para aparecer em Apocalypse, os criadores Ryan Murphy e Brad Falchuck não a disseram quase nada sobre sua personagem, Dinah Stevens. Mas agora Porter já está acostumada com o mistério. “Eu lembro que para os testes de vestuário de Cult as máscaras foram cobertas para não sabermos que eram de palhaços.” ela disse. “Então você realmente começa sem saber nada. É como aquele exercício de confiança onde você fecha os olhos e cai para trás.”

Até então o teste de confiança funcionou. Durante as oito temporadas de American Horror Story, Porter participou de quatro. Mas seu papel como a brilhante e feroz Beverly Hope em Cult é o seu mais memorável. O papel a deu uma indicação ao Emmy para Melhor Atriz Coadjuvante em Minissérie ou Filme.

Agora que o primeiro episódio de Apocalypse foi ao ar, sabemos um pouco mais sobre Dinah Stevens, a apresentadora super rica que Porter interpreta em Apocalypse. Após o fim do mundo, Dinah e seu filho são movidos para o Posto Avançado 3, um bunker administrado por uma organização chamada A Cooperativa que apenas oferece vagas para os extremamente ricos e e aqueles mais prováveis geneticamente de sobreviver ao apocalypse. Se Dinah e seus clichês te lembram de Oprah, isso é intencional. De acordo com Porter, Dinah passará boa parte da temporada com a personagem igualmente rica de Joan Collins, Evie Gallant, e seu filho Andre, interpretado por Jeffrey Bowyer-Chapman.

Inicialmente a positividade de Dinah é reconfortante. Mas quando os horrores do abrigo começam a surgir e as coisas se tornam mais desesperadoras, suas afirmações se transformam em piadas não intencionais sobre a situação. Quando é revelado que o ensopado que os moradores do Posto Avançado 3 estão comendo é na verdade um homem chamado Stu, Dinah não se mostra muito abalada.

“[Dinah e Andre] estão no abrigo por mais tempo do que os dois jovens que acabaram de chegar. Aí vem a confirmação de que não há mais nada fora do local.” Porter diz sobre sua inspiração para a cena do canibalismo. “Levei isso como se fosse um presente, ficar agradecido por qualquer coisa que recebemos. Pensei na famosa caravana Donner (caso real de canibalismo na América). Você não sabe do que é capaz de fazer até que você seja forçado a isso.”

Por mais que Dinah cuspa o ensopado ao descobrir que era um de seus colegas, ela não critica a Evie de Joan Collins que continua a comer. Ela inclusive repreende seu filho Andre por criticar a mulher mais velha. “Se não quiséssemos sobreviver, poderíamos ter ficado fora do bunker.” ela disse.

Existe um humor negro em sua interminável positividade, algo que Porter aprecia sobre o macabro universo de Murphy e Falchuck. O vestuário de “O Fim” realmente exemplifica o humor macabro do episódio. Enquanto a humanidade que conhecemos está acabando e eles precisam comer humanos, Dinah e o resto do grupo do Posto Avançado 8 vestem elaborados vestidos vitorianos. De acordo com Porter, a levou quase 20 minutos para entrar no vestido e espartilho do episódio. Seu elaborado penteado, que incorporava seu cabelo natural, levou mais 30 minutos até uma hora. Tudo isso para se sentar e comer um cubo de nutrição, ou, com sorte, um homem.

São mais do que roupas. São indicadores de poder do bunker. Mas há uma chance dessa divisão da classe superior “roxa” e da dos empregados “cinza” não durar muito tempo. Quando perguntada se Dinah iria continuar nos vestidos do Posto Avançado 3, Porter disse, “Bem, você sabe, Dinah é rica. Se você tem dinheiro, tudo é possível. Vou apenas dizer isso.”

As roupas são o que difere AHS: Apocalypse de histórias similares sobre o fim do mundo. Enquanto a maioria das narrativas focam no apocalipse como uma igualdade para a humanidade, ainda existe uma classe superior e uma inferior em AHS. “Quando imagino o fim do mundo, imagino como se igualasse a batalha. Todos os humanos estão na mesma situação.” Porter disse. “Mas acredito que sou ignorante porque não pensei que há pessoas com dinheiro que estão se preparando para sobreviver, que existem bunkers por aí.”

“Estamos vivenciando como pessoas que são incrivelmente ricas podem sobreviver ao apocalipse.” Ela acrescentou. “Quem imaginava que o fim do mundo seria tão perturbadoramente fabuloso?”

Novos episódios de American Horror Story: Apocalypse estreiam no FX USA quartas-feiras, às 23h00. No Brasil, a série passa no dia seguinte no FX Brasil, às 16h00. Para receber novidades diárias sobre American Horror Story, siga-nos também no FacebookTwitter Instagram.

Por Gabriel Fernandes em 15 de September de 2018

"Tu fui, ego eris". Arquiteto e urbanista, ilustrador independente, colecionador de mangás e grande apreciador do gênero terror em filmes, séries e jogos.