As teorias da conspiração alienígenas em “Inside”, oitavo episódio de ‘AHS: Double Feature’

Ao fazer uma review, é mais fácil falar sobre algo que você gosta do que algo que você não gosta. Talvez seja por fazer parte desse portal por mais de 8 anos ou por outro motivo que eu tendo a ser mais positivo com American Horror Story do que alguns colegas que também assistem a série e também são fãs. Os momentos que não gosto não me impedem de apreciar os momentos que eu realmente gosto. E sendo assim, para algumas coisas eu passo panos quentes, mas episódios como “Inside” me fazem não conseguir ignorar erros.

O episódio, escrito por Manny Coto, Kristen Reidel, e Brad Falchuk, brincam de forma inteligente com teorias da conspiração que surgiram a respeito de alienígenas visitando o planeta Terra. E no meio disto, Nixon (Craig Sheffer) se infiltra e participa de tudo através dos incentivos de Mamie Eisenhower (Sarah Paulson), que não é a simples primeira dama e dona de casa que aparenta ser. Nixon aqui vem para ser a contraparte de Eisenhower (Neal McDonough), que é forçado por seu vice a tomar decisões difíceis cujas ele não aprecia por estarem bem além de seu controle.

Não é notável que American Horror Story tenha algum interesse em representar Nixon da forma mais precisa possível. A figura corcunda com rosto inchado que surge do nada enquanto o Eisenhower joga golfe mal parece ser algo palpável para nossa realidade, é mais uma caricatura de alguém paranoico, racista, sedento por poder enfiado em um terno apertado. Quando um personagem desse jeito surge na narrativa de forma abrupta termina sendo bastante distrativo e incômodo de acompanhar no começo, para dizer o mínimo. Ao menos no final da primeira parte do episódio é esperado que a audiência já tenha acostumado-se com a interpretação de Craig Sheffer, que o interpreta como o homem obcecado por assumir a presidência que a história conhece.

Eisenhower e Nixon possuem interações diferentes com John Kennedy (Mike Vogel), o primeiro, busca ser o mais decente possível, e o segundo, não busca esconder seu egoísmo latente e tendências manipulativas para continuar o acordo com os alienígenas. Mike Vogel entrega uma performance mais contida, tanto em palavras quanto em ações, e Marilyn Monroe, interpretada por Alisha Soper, possui uma interação breve, porém efetiva, com John Kennedy a respeito de seus próprios conhecimentos sobre a vida alienígena. Conhecimento esse que provavelmente será desenvolvido nos próximos episódios para a sua morte, assim como aconteceu com John Kennedy.

Toda a construção das conspirações vindas da primeira parte do episódio ganha mais corpo na segunda parte, onde acompanhamos os universitários grávidos, que conhecemos no episódio anterior. Aqui, estes são raptados por homens em ternos pretos e levados para um quarto inteiramente branco, com mobília branca e pessoas usando roupas também brancas, onde devem se alimentar de barras nutritivas dentro de gelatinas. Até então, a audiência fica tão confusa quanto os personagens que acabam de chegar ali, e enfim conhecemos Calico (Leslie Grossman), que está ali para manter os novatos calmos e complacentes para seus superiores alienígenas.

Porém, ela não alcança seu objetivo. O episódio faz um ótimo uso do estranho ambiente construído pelos visitantes de outro mundo, e a ideia de perigo está sempre presente, particularmente quando Troy (Isaac Cole Powell) começa a entrar em pânico com a ideia de dar à luz sem ter a anatomia necessária para isso. O personagem parece ser o único a ter uma reação genuína para a personagem de Angelica Ross antes mesmo que ela removesse sua máscara, que revelou ser uma híbrida entre um ser humano e alienígena. Angelica está claramente divertindo-se no papel, e é notável que há uma certa química entre ela e Kaia Gerber enquanto dividiram uma cena.

Mesmo com a distrativa introdução de Nixon, a história contada nas partes em preto e branco ainda funcionam melhor, caso fossemos colocar numa balança estas e as cenas contemporâneas. Eventualmente somos levado a algo mais sólido, e mesmo que a segunda parte seja claramente inferior, existem bons momentos que ainda a mantem no mínimo interessante, particularmente após os protagonistas serem levados ao ambiente que ainda é desconhecido para nós. Existem boas ideias sendo apresentadas, e ainda temos espaço para ver mais teorias da conspiração falsas, porém divertidas, aparecerem nos próximos dois episódios.

Por Gabriel Fernandes em 08 de October de 2021

"Tu fui, ego eris". Arquiteto e urbanista, ilustrador independente, colecionador de mangás e grande apreciador do gênero terror em filmes, séries e jogos.