ENTREVISTA DE JESSICA LANGE PARA A EW

Apesar da mudança de plots, uma das constantes das quatro temporadas de American Horror Story foi a estrela Jessica Lange, que já ganhou dois Emmys por AHS. A atriz está de volta para a temporada desse ano, Freak Show (que estreia dia 8 de Outubro, na FX) para interpretar a maestrina por trás de um grupo de performers, uma ex-estrela alemã de cabaré chamada Elsa Mars. Lange, que já disse que esse será seu último capítulo em AHS, falou com EW sobre trazer o conceito para o co-criador Ryan Murphy, números musicais, e muito mais. 

EW: Então, Ryan disse que você trouxe isso para ele, correto?
JESSICA LANGE: Sim, isso esteve na minha cabeça por bastante tempo. Eu sempre fui fascinada e fotografo bastante isso – coisas com uma pequena influência de carnaval, sideshow, coisas assim. Quero dizer, comecei meio que procurando dentro de freak shows. É uma história incrível e eu sempre fui fascinada com comunidades de pessoas vivendo como ciganos, na estrada e viajando de lugar para lugar, e nesse caso há um grau mais elevado, eles todos são extremamente especiais. Então foi algo que eu sugeri a ele um ano atrás ou mais. Eu inicialmente imaginei como um freak show viajante, talvez Dustbowl (*região com aspecto desértico), com esse tipo de desespero. Ryan botou em outra época, o que  acho inteligente, na verdade.

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Com o tempo escolhido e o retorno de Pepper (Naomi Grossman), é como se fosse um pouco de introdução para Asylum.

Bem, com esse personagem, sim. Para todo o horror de exibir aberrações naquela época, o fato é que eles tinham comunidade. Eles tinham família. Alguns deles fizeram até um pouco de dinheiro. Eles foram extremamente populares no período Vitoriano. Sim, eles eram exibidos, mas quando você olha para o outro lado disso, eles eram cuidados. O mais importante – e eu acho que é isso que as pessoas não é entendem – é a ideia de comunidade.

Eu acho que será revelado que Pepper é da época quando os freak shows foram finalmente fechados, na maioria dos casos foram fechados sem o consentimento dos performers. E muitas dessas pessoas terminaram em hospícios, sozinhas e isoladas. Então você tem várias faces nesse tópico.

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Você interpreta Elsa Mars, uma senhora alemã. E você é como se fosse a dona do freak show e o mesmo estivesse nos últimos suspiros.

Sim, é aquela coisa do final de um entretenimento popular e do começo de outro. Como Ryan gosta de dizer, “O final de um freak show e o começo de outro.”

E você chega nessa cidade e descobre gêmeas siamesas, Bette e Dot, e elas se tornam as novas estrelas do seu show?

Sim, foi dessa maneira que muitas dessas pessoas foram encontradas. Elas teriam acabado em hospitais ou celas ou sei lá e recrutadas. E é assim que Sarah é introduzida na história. Eu escutei algo sobre ela, ela está no hospital, e eu vou lá.

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Há uma relação maternal entre Elsa e as gêmeas?

Bem, maternal estaria botando isso de uma maneira bem generosa. Minha personagem é bem manipuladora. Ela percebe o que é preciso e o providencia.  Apesar de que, o que eu quero que fique bem claro sobre minha personagem Elsa é que ela realmente ama essas pessoas. Ela verdadeiramente preocupa-se com eles, no jeito narcisista e egoísta dela. Mas eles significam muito para ela. Não é só exploração. Ela é dura, e má as vezes, mas ela realmente os ama.

Ela tende a ser vilã como Fiona ou Constance?

Não vejo ela como vilã. Ela é ilusória – digamos assim [risos]. Mas é divertido interpretar um personagem ilusório. Ela veio da República Weimar, e fora isso ela é o resultado “ferrado” dentre as duas guerras na Alemanha e foi em certo momento uma bem sucedida performer de cabaré e então tudo desabou. E isso é no fim das contas onde ela parou: num freak show, cidade pequena perto do sul no começo de 1950. Foi uma longa viagem para Elsa. Eu não vejo ela como vilã, vejo como uma ilusória, narcisista, brutal na sua ambição. Mas a ambição dela é bem ligada à ilusão dela.

Fiquei sabendo que você irá cantar novamente.

Meu Deus! Sim, cantando! Nos quatro primeiros episódios, eu canto três músicas. O que é uma loucura!

Como foi isso?

Bem, na verdade, foi ótimo. Ryan é um pouco mais do que aceito botando um pequeno afrouxo com tempo e gênero. Então nós tempos alguns números de produção realmente grandes que eu acho se derem certo serão bem únicos.

Você performa no freak show?

Sim.

E há algum flashback?

Sim, tem um flashback para o cabaré, para o final de 1920, começo de 1930…

Bem, a performance de “The Name Game” foi um dos melhores momentos de Asylum, então eu mal posso esperar por Jessica Lange cantando mais.

É, bem, você vai ganhar isso, querendo ou não!

E Kathy Bates é basicamente sua mulher de confiança/braço direito, Ethel Darling.

Sim, é outro personagem que eu meio que salvo. Nós temos uma longa história e uma união. Nós temos personagens incríveis esse ano. Os atores, claro, são todos ótimos.

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Soube que os sets são fenomenais também. Ryan disse que você ficou emotiva enquanto caminhava por eles. 

Quando eu andei por dentro do nosso grande set, a grande área onde todas as tendas estão armadas e os trailers e tudo. Eu disse a nosso diretor de arte que era como se fosse um poema. Incrível. Nunca vi um set como aquele.

Você já fez algo assustador até agora, como lidar com Twisty, o Palhaço (John Carroll Lynch)?

Não. Ryan sempre me deixa de lado disso por que ele sabe que não é minha parte favorita. Eu acho que é bem diferente, certamente bem diferente do ano passado. Quero dizer, eu não sei qual rumo está tomando, mas sempre tem disso! Mas eu não prevejo momentos aterrorizantes.

Ryan já contou como será o fim do arco de Elsa? 

Sim, já. Ele me contou isso outro dia.

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E o que você achou?

Achei brilhante.

Você já disse previamente que essa seria sua última temporada em American Horror Story. Isso já fez você querer voltar pra outra temporada?

Eu ainda não considerei. Eu estou tentando apenas passar esse ano, e eu acho, sem sombra de dúvidas, que será meu favorito. De certa maneira, foi uma ideia que eu queria explorar por um tempo. Eu apenas penso sobre a riqueza disso e do tempo, e do local e dos personagens. Eu só acho que será único. E eu acho, na minha opinião, que eu já vi de tudo, e o que estamos fazendo irá superar tudo o que já fizemos antes.

 

Por Gabriel Fernandes em 17 de September de 2014

"Tu fui, ego eris". Arquiteto e urbanista, ilustrador independente, colecionador de mangás e grande apreciador do gênero terror em filmes, séries e jogos.