ENTREVISTA DE SARAH PAULSON PARA EW

Nas três primeiras temporadas de American Horror Story, Sarah Paulson já interpretou uma médium, uma repórter perseguida por um serial killer, e uma bruxa que perdeu a visão por um ataque com ácido. Claramente, Paulson ama um desafio… o que nos leva à próxima temporada, intitulada Freak Show. Interpretando as gêmeas siamesas Bette e Dot, que foram descobertas pela maestrina de um freak show chamada Elsa Mars (Jessica Lange), Paulson admite que esse é de longe o seu papel mais difícil em AHS. “Agora eu fico usando toda hora o emoji das gêmeas no meu iPhone”, brinca Paulson no set de Nova Orleans. “Menino, eu uso aquilo demais. Aquilo foi inventado pra mim.” EW falou com a indicada ao Emmy sobre interpretar duas moças bem diferentes e se ela irá interpretar Lana Winters de Asylum novamente.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Então, onde Elsa te encontra? Você está tipo, no Starbucks?

SARAH PAULSON: Bem, digamos que eles não viram a luz do dia frequentemente.

 

Ryan disse que Bette e Dot talvez sejam responsáveis por coisas obscuras.

Sim. Bette e Dot talvez sejam responsáveis por coisas obscuras. Quando elas são descobertas, Elsa de certa maneira, mesmo que talvez não transpareça no começo meio que as salva do que talvez venha a acontecer à elas por causa das façanhas obscuras delas. Elsa ao menos no começo parece estar oferecendo a elas uma alternativa do que teria acontecido caso elas tivessem sido deixadas onde foram encontradas.

 

Suas personalidades são diferentes?

Não é tão simples como “boa e má”. É mais complicado que isso, no estilo verdadeiro de Ryan Murphy. Uma tem mais escuridão dentro, mas não é escuridão de maldade – é escuridão de depressão, de saber o que há no mundo lá fora. A outra é bem inocente. É inocente e cínica. E mesmo que elas compartilhem de um só corpo, elas tem cérebros e corações diferentes. Seus sentimentos são bem diferentes.

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O processo para criar essas gêmeas parece tão intenso.

Há tantas maneiras que nós estamos usando pra fazer isso acontecer e não é apenas uma coisa. Não é só um efeito visual, não é só o efeito de uma outra cabeça. É uma combinação de 9.000 mil coisas. A parte que é mais difícil é quando nós estamos fazendo os efeitos visuais. Eu pensei que fosse fazer tudo que deveria fazer de Bette, em todos os tamanhos de câmera, e aí trocar para Dot e vice versa. Mas o que acontece é que os efeitos devem ser os mesmos, a câmera tem que estar trancada. Basicamente, eu tenho que fazer Bette e Dot dentro do tamanho da câmera e então eu volto para trás e pra frente pra cada uma das garotas, toda hora eles mudam as lentes e focam mais. Então eu não pego nove takes como só uma pessoa. Eu tenho que ficar indo e voltando, indo e voltando. Elas tem o mesmo tipo de cabelo mas usam fitas de cores diferentes. Então toda vez que a gente vai e volta, cinco pessoas caem sobre mim. Nós dominamos isso muito bem – eu posso fazer até dormindo. Mas há 9.000 coisas que acontecem quando mudamos tudo, sem falar como é para eu internamente ter que interpretar as duas.

 

Esse é o papel mais desafiador de AHS que você já teve até agora?

Sim, é o mais desafiador até agora. Tem a inerente realidade de que todos sabem que eu não tenho duas cabeças. Então nós estamos pedindo à audiência para ir conosco nessa jornada. Estamos pedindo a todos que são fãs da série, assim como as pessoas que estão com a série, então eu estou ansiosa por que eu quero muito antes de tudo que as pessoas esqueçam que elas estão assistindo algo que elas sabem que não é real e acreditem no que estão vendo. Penso eu que é por isso que essas duas moças parecem duas criaturas diferentes. É difícil achar todas as cores e variações e nuances. É difícil interpretar com todas essas coisas acontecendo. É obviamente duplamente difícil fazer isso quando você tem que dar um tom e caráter para duas pessoas. E eu também tenho um sotaque sulista.

 

Então, a relação Elsa e as gêmeas é maternal? 

Me lembra mais de Jude/Lana, em relação a Dot e Elsa. Agora entre Bette e Elsa, Elsa representa tanto glamour e beleza que  para Elsa, Bette é a coisa mais radiante que ela já viu. Bette é muito inocente. Há tanta curiosidade nela. É um tipo de relação bem diferente.

 

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Qual a relação de Bette e Dot com o grupo? Elas são uma ameaça para as outras pessoas do freak show? São bem vindas?

A trupe está numa necessidade de uma verdadeira infusão de energia e uma nova atração para fazer as pessoas da cidade virem assistir. O show não está nos seus melhores dias. Definitivamente o contrário. Eu acho que todos eles querem ser empregados e bem reconhecidos. Quando eles vêem as gêmeas, eles ficam esperançosos e alegres pois aquilo trará uma certa mudança que será boa para o grupo.

 

Você lida com Twisty, o Palhaço?

Eu acho que ele fica nos observando. Mas até agora não há história com aquele personagem.

 

Você já fez novas coisas doidas, como serpentes cobrindo todo seu corpo ou mais sangre de cabra derramado em você?

Sim. No primeiro episódio, tipo, eu tenho duas cabeças, Tim. É como se não tivesse mais nada pra acontecer pra ser a coisa mais doida que eu já fiz. Mas há que acontece bem no primeiro episódio que é loucura, que marca o resto da temporada para elas. Acontece no primeiro episódio.

 

Todo mundo está me dizendo que é a melhor temporada até agora.

Eu acho que é. Eu não sei, eu nem sempre sou familiar ao desenvolvimento. Eu certamente não acharia que Coven teve que a reação que teve por que foi num tom mais claro que Asylum. Eu sei que de uma observação artística de leitora, quando eu li os scripts vi que as histórias são bem ricas e fascinantes. Eu não imagino ser algo que as pessoas não bem recebam. De uma observação criativa tem aquele sentimento de Asylum , que é realmente sobre algo: sobre a ideia de ser uma alma abandonada no mundo que foi simplesmente posta de lado. Todo mundo se sente assim em algum momento de suas vidas. É algo que eu acho que eu acho que tem bastante uso. Passa um sentimento bem honesto sobre o que significa ser um humano. Também acho que eu não sei como você não consegue se apaixonar e torcer por todos e há coisas horríveis acontecendo a eles. E a aparência! O design do set! As roupas! As coisas que estão acontecendo esse ano com os sets e roupas são demais. E Ryan está sendo bem diferente no estilo da série em relação a como estão sendo as gravações.

 

Ele disse que está diferente em termos dos movimentos da câmera.

Está bem diferente. Há uma imobilidade para se comparar. Não estou dizendo que será imóvel por que é American Horror Story. Mas você pensa sobre definir as coisas da série e você pensa sobre lentes de olho de peixe e edição de fotos múltiplas rápidas. No meu entendimento de trabalhar com Ryan, o jeito que está sendo gravado há bastante ângulos de câmera dutch, nada de lentes olho de peixe, não há grande e amplo nos cantos como a visão de uma aranha. Não foi assim. Acho que tem tem um visual único e bem diferente do que já fizemos. E acho que isso é o que é tão empolgante sobre isso. No minuto que você acha que você sabe o que esperar do show, tem Ryan mudando tudo na cabeça dela e dizendo “Não, acho que não”.

 

Ocorreu alguma situação maluca no trailer de maquiagem como “Oh, Angela tem três peitos e Kathy tem barba”?

Jesus, não tem nada mais insano do que andar dentro daquele trailer. Jessica está lá tendo seu cabelo arrumado, e uma maquiagem louca. Kathy está do meu lado recebendo sua barba. E Angela gosta de piscá-los. Ela fica tipo, “Olhem meus três peitos!” por que eles estão cobrindo tudo. Ela pode andar com suas três tetas balançando e todo mundo acha graça por que ela só está fazendo aquilo por que não estamos olhando pros seus peitos de verdade. É incrível.

Nesse ano em particular você anda no trailer e você fica tipo “Meu Deus”. Você realmente se sente num sideshow. Há tantas pessoas lá que realmente tem habilidades daquele mundo. Muitos dos nossos extras e artistas de background ficam dizendo, “Ah, eu me apresento nesse número” ou “Eu trabalho nesse circo”. É incrível e te trás um sentimento de autenticidade.

 

Sei que Pepper está de volta. Isso deve ser bem empolgante pra você porque é como se fosse uma espécie de introdução para Asylum – sei o quão especial essa temporada é pra você.

Eu amo essa ideia. Talvez a quinta temporada seja a sequencia de Asylum! Eu quero tanto interpretar Lana Winters de novo – isso é ruim?

 

Lana Winters já idosa?

Não, eu acho que deveria ser Lana nos anos 70. Aquele foi meu look favorito de todos.

 

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Você sabe qual o arco de Bette e Dot? Quero dizer, você sabe o que acontece na season finale? 

Não, mas está sempre em mudanças. Ryan já me disse o que ele planeja para mim. Mas eu me recuso a acreditar nisso até chegar a hora por que eu já fiz isso demais com ele para saber que ele é um homem de inspiração fervorosa e as coisas chegam na mente ele do nada e tudo acaba dando uma reviravolta e termina de um jeito totalmente diferente do que esperei. Mas eu sei mais ou menos qual rumo irei tomar.

Por Gabriel Fernandes em 19 de September de 2014

"Tu fui, ego eris". Arquiteto e urbanista, ilustrador independente, colecionador de mangás e grande apreciador do gênero terror em filmes, séries e jogos.