REVIEW E04 – EDWARD MORDRAKE P2

ATENÇÃO! CONTÉM SPOILERS.

 

A segunda parte do episódio de Halloween foi escrito por Jennifer Salt e dirigido por Howard Deutch. Continuou contando a história de Edward Mordrake e de quebra a do palhaço Twisty.

A FACE DEMONÍACA

Edward Mordrake continua em sua busca pelo “escolhido” que se unirá a sua trupe. Mas confesso que não entendi muito bem a lógica da face demoníaca para o eleito.

Mordrake diz: “O que procuro é alguém corrompido, doente, perfeito em sua imperfeição monstruosa. Me faça chorar de pena de você. Conte suas maiores vergonhas.” Estou enganada ou não foi isso que Ethel proporcionou na semana passada?

Ora ele aparece como um homem atormentado pela face demoníaca, influenciado por ela, submisso a ela. Ora parece que ele tem prazer nisso. Que também se alimenta da dor, da desesperança dos outros freaks. Talvez pelo mesmo motivo que Jimmy impõe aos ditos normais: “Eles só nos toleram porque os deixamos felizes por serem normais.”

E por que após ter decidido que Elsa era a escolhida, ele foi atrás de Twisty? Tudo bem que o “duas caras” é atraído pela escuridão, pelo que os freaks tem de pior, mas então por que não foi atrás de Dell? Ou de Jimmy?

Ou até mesmo, por que só escolher um? Os freaks não costumam se exibir nas noites de Halloween então por que não aproveitar e levar logo todos que possam se juntar a trupe?

Mas o que realmente não faz sentido pra mim é: se a segunda face é demoníaca por que diabos ela iria chorar com sentimentalismos baratos? Ok, eram histórias muito tristes e nem todas acabaram em mortes. Mas se a procura é pelo mais sombrio, alguém cruel se sensibilizaria com elas? Eu acho que não.

A SELEÇÃO

A busca pelo escolhido nos fez conhecer as histórias dos freaks Paul “Seal Boy”, Legless Suzy, Elsa e Twisty. Podem me julgar, mas pra mim, exceto a de Elsa, as outras estavam mais pra drama do que horror.

Não é normal alguém atacar outra pessoa por inveja? É claro que não estou falando de ataque físico, muito menos justificando o que Suzy fez já que ela acabou acidentalmente matando um homem. Mas seu intuito era atingir o sujeito da maneira que ela podia no momento. O mesmo ocorreu com o Seal Boy. Tudo o que ele queria era que as pessoas se chocassem com seu visual bizarro.

[Aparte: Mat Fraser e Rose Siggins têm em comum com seus personagens apenas o fato de ambos terem nascido com as mesmas doenças congênitas. Mas as semelhanças param por aí. Mat é músico e artista performático. Ele foi baterista em diversas bandas de rock e já fez várias participações como ator no teatro e na TV. E Rose é casada, mãe de dois filhos e passa boa parte de seu tempo em uma oficina que tem em casa construindo carros.]

No caso de Elsa, ela sobrevivia como podia ao caos que se instaurou no pós-guerra. Mas mesmo naquele momento, sua única preocupação era consigo mesma. Enquanto dominatrix ela estava no controle. E ainda tinha audiência: os “watchers” (observadores), que faziam com que ela se sentisse especial, uma estrela.

Ela mesma admite que sua ambição a levou a sua ruína. A cena de Elsa tendo suas pernas cortadas em um “snuff film” é de arrepiar. E aqui eu realmente preciso comentar o imenso talento de Jessica Lange. Ela arrebentou nesse episódio. Show!

Mas voltando. Ela teve as pernas arrancadas e foi deixada pra morrer. Um soldado admirador a salva e ela nunca o perdoa por isso. Agora eu pergunto: e daí pra face demoníaca? Ela chorou por causa disso? Ou melhor, alguém chorou por causa disso? Por que se a resposta for sim, eu acho que sou insensível porque não achei nada demais. Pelo menos não acho motivo para ela ser a escolhida.

Então, em vez de matar Elsa que implorava para que ele a levasse logo, Mordrake fica lá fazendo não sei o que, escuta uma música e vai atrás do Twisty. De novo eu pergunto: o Dell estava ali do lado e ele foi atrás da Ethel, do Seal Boy, da Suzy, da Elsa e até das pinheads? Não tem lógica.

Enfim, o palhaço conta sua historinha triste – bem entediante, por sinal, e um desperdício do talento de John Carroll Lynch – e descobrimos que ele odeia os freaks, mas mesmo assim depois que ele se tornou o palhaço assassino só matou gente “normal”. Nenhum freak, nem um.

Mordrake diz que “todos os assassinos covardes admitiam escuridão em seus corações na hora de serem levados”. E talvez essa seja a razão da outra face ter chorado. Mas Ethel, Seal Boy e Elsa não mataram ninguém. E mesmo no caso de Suzy, o assassinato foi involuntário. Repito, não tem lógica.

RENASCIMENTO

Finn Wittrock arrasou de novo. Dessa vez a loucura de seu personagem chegou ao extremo.

O show dos palhaços foi o cúmulo do bizarro. Twisty tocando um pianinho de brinquedo e Dandy começando a serrar Esmerelda ao meio. Ou talvez não. Talvez o mais estranho tenha sido Dandy contrariado com a fuga dos jovens e ele dando ataque gritando: “I hate you, I hate you, I hate you…” (Eu te odeio). O sujeito definitivamente tem problemas e é sem dúvida o mais freak de todos.

Depois ele volta e encontra Twisty morto e pega sua máscara. Mais tarde chega em casa e dá vazão ao seu instinto assassino. Não sei se foi devido ao deboche de Dora ou se ele é simplesmente um psicopata. A cara dele de satisfação no final foi assustadora e dá pra imaginar o que ele vai fazer agora que se tornou o Twisty.

VINGANÇA

Evan Peters também arrasou nesse episódio e seu personagem teve grande destaque.

Jimmy salva as crianças sequestradas e acaba se tornando um herói para toda a cidade. Aparentemente todos acham que foi ele quem matou Twisty. E apesar de todo mundo saber que tem outro palhaço na história o toque de recolher acaba e a vida volta ao normal. Vai entender.

E mesmo o detetive falando que ele fez um bem à sociedade, Jimmy o reconhece como aquele que prendeu Meep e o ameaça dizendo que vai vingar a morte do amigo. Considerando que “Lobster Boy” cortou a garganta do detetive que ia levar as siamesas presas, podemos prever o que ele vai fazer dessa vez.

Podemos, talvez, também esperar por algo vindo de Dell contra Jimmy. Na rápida participação dele nesse episódio, parece que o pai inveja a atenção que o filho está recebendo. E se a Suzy enfiou um garfo (eu acho) na perna do sem-teto por ciúmes, imagina o que o Dell pode fazer?

ESSA NÃO

Esse episódio me deixou um pouco preocupada dessa temporada se tornar igual a Coven. Desculpem os que gostaram mas, na minha opinião é claro, ela foi fraca em termos de horror. Além de drama exacerbado, núcleo teen, humor desnecessário, inconsistências nos perfis dos personagens, falta de continuidade nas histórias. Enfim, não chegou nem perto da grandiosidade das duas primeiras temporadas.

Primeiro essa coisa de ter que ter romance a todo custo. Por quê? Pra que? A Esmerelda podia ser simplesmente uma golpista e junto com o Stanley criar situações de horror apropriadas para a série.

Se for pra ter romance que tenha sentido pra história. Algo bizarro tipo as siamesas brigando entre elas pelo Jimmy ou cada uma apaixonada por um homem diferente. Quem sabe o Jimmy e o Dandy. Isso seria interessante.

Segundo, será que vão repetir aquela coisa de quem será a nova suprema? Aquilo acabou se tornando a questão mais desinteressante de Coven.

Ao mesmo tempo que Stanley chega se apresentando como um caçador de talentos de Hollywood e faz com que a gente pense o que será que ele vai fazer para se apossar dos corpos dos freaks, fica a certeza de que Elsa vai disputar com as siamesas quem é a estrela do pedaço.

Pelo menos dessa vez não teve momento Glee. Mas parece que este episódio será exceção à regra.

Enfim, só nos resta torcer para não se perderem no meio do caminho e continuar levando esta temporada de American Horror Story como foram as duas primeiras: repletas de personagens e histórias interessantes e consistentes e com muito horror.

Por Gustavo Cavalcante em 01 de November de 2014

"We are living reminders". Publicitário, apaixonado por música, séries e filmes - nas horas vagas é colecionador de CDs, DVDs e Funko Pops.