Sarah Paulson fala sobre o que está por vir em ‘Apocalypse’, e mais

A próxima temporada da antologia do FX é o requisitado crossover entre ‘Murder House’ e ‘Coven’, onde Sarah Paulson interpreta três personagens. “É quase como uma coletânea de sucessos”, diz ela sobre seus colegas de elenco que estão retornando. “Eu não fui indicada no ano passado por American Horror Story e isso as vezes acontece, onde uma série já está no ar por um bom tempo e os jurados começam a seguir em frente,” disse Sarah ao The Hollywood Reporter quando falou sobre sua sexta indicação ao Emmy, este ano. A conquista, por seu papel em American Horror Story: Cult, chegou como uma surpresa. “Existe tanto conteúdo e tantos trabalhos extraordinários na televisão esses dias. Eu sabia que as indicações estavam acontecendo, mas não esperava ouvir o meu nome.” Abaixo, a atriz fala sobre como, depois de oito anos participando da série de Ryan Murphy, American Horror Story continua a desafiar em novas maneiras:

THR: American Horror Story sempre é provocativo, mas Cult foi provocativo e oportuno. Você acha que a relevância da temporada deixou AHS na mente dos jurados do Emmy?

SARAH PAULSON: Nós certamente estávamos fazendo um paralelo do que o nosso país estava experienciando, da forma mais extrema possível — por conta do horror já presente na composição de nossa série. De um lado, eu acho que as pessoas gostam de assistir televisão para se imergirem num universo em que eles não vivem. Mas neste caso particular, eu acho que foi catártico, e um pouco terapêutico, para as pessoas assistirem outras pessoas imergirem num mundo onde eles encontram vários paralelos para as suas próprias experiências. Ally foi literalmente levada à loucura e eu acho que muitos de nós sente isso quando assistimos as notícias. Eu me pergunto se não havia algum de tipo de experiência catártica de deixar você entrar num programa televisivo que fazia um paralelo à sua própria vida, mas era muito pior.

THR: Ally emergiu como uma personagem forte no final — se ela é boa ou má, fica a ser discutido. Como é a sensação de ser reconhecida por uma temporada que falou tão alto sobre empoderamento feminino?

SARAH PAULSON: É bom ser reconhecida por interpretar uma pessoa que tem vários lados e possui falhas — tudo o que compõe um ser humano. Ally começou sendo fraca e mais fácil de ser atingida pelo terrorismo que acontecida à ela, vindo de pessoas que clamavam a amar. E o que ela fez em resposta àquilo foi que ela ganhou poder, controle, e terminou corrigindo o que era errado numa maneira muito poderosa. Algumas atitudes talvez tenham sido até ilegais e criminosas (risos). É bom quando você é reconhecido, e ponto final. Mas é extra-especial quando é um personagem que você tem uma conexão. Agora, como mulher, você quer contar histórias responsáveis sobre a experiência de ser uma mulher.

THR: Em Cult vimos você enfrentando algumas de suas fobias da vida real, além de reviver os resultados das eleições. Como essa temporada te desafiou mais?

SARAH PAULSON: Existe esse equívoco — eu mesma acreditava nisso — que interpretar alguém que eu estava familiarizada seria fácil. Mas há muita negação que vem com você sendo uma pessoa andando ao redor do planeta; às vezes é um fardo suportar todas as realidades com as quais estamos lidando em suas vidas. Então, você acrescenta o que estamos passando politicamente e em nosso mundo em geral, e é uma carga pesada. O que eu percebi interpretando a Ally foi que tive que enfrentar coisas que eu poderia querer afastar. Eu tive que convidar algumas dessas coisas para viver e respirar em minha mente e em meu corpo. Isso foi muito desafiador e desconfortável. Mas eu acho que ajudou a fazer com que pudesse ressoar mais com as pessoas, por que eu estava acessando coisas que muitos de nós gastamos tempo e atenção mantendo fora da nossa consciência, as invés de nos importarmos.

THR: Quais foi a resposta mais inesperada que você recebeu sobre Cult?

SARAH PAULSON: Por conta da sua extrema natureza, nenhuma resposta foi inesperada para mim. American Horror Story lida com extremos e é por isso que é um mundo tão excitante para se viver e criar formas criativas de dar vida a ele. Nada me chocaria em termos de como alguém poderia reagir, porque atinge as pessoas de maneiras diferentes. Essa é a beleza disso.

THR: A próxima temporada, Apocalypse, trará o crossover entre Murder House e Coven que Ryan Murphy já havia falado. Suas duas personagens nessas temporadas a trouxeram indicações ao Emmy. Isso aumenta a pressão?
SARAH PAULSON: Não. Acho isso eletrizante. Muitas vezes, você não tem a oportunidade de repetir um papel. O lado único da série é que, a cada ano, basicamente, começamos do zero. Não volto ao trabalho e visto a mesma roupa do personagem da temporada anterior. Não retornamos de onde paramos e isso é emocionante. Ao mesmo tempo, há momentos em que você sente, “Não sei se cheguei ao fim desse personagem.” Antes do personagem morrer ou antes da temporada acabar, ou o que seja. Então é animador ter esse espaço de tempo antes de revisitarmos algo. Não me sinto pressionada, me sinto feliz por poder visitar um amigo antigo, essencialmente.
THR: Você já interpretou duas personagens em AHS antes. Você também disse que nunca dirá não para Murphy e, em Apocalypse, você irá interpretar três personagens. O que você espera para seus personagens novos e os retornantes em Apocalypse?
SARAH PAULSON: Eu gravei dois dos personagens que estou interpretando no mesmo dia. Apesar delas não interagirem uma com a outra, eu gravei como uma pela manhã e outra à noite. E eu não disse não para isso. (Risos.) Quando estava fazendo a Sally em Hotel, também estava fazendo Marcia Clark simultaneamente – mas eram duas séries diferentes em dois estúdios diferentes. [Paulson foi nomeada pelas duas atuações e recebeu o prêmio por sua Marcia Clark em American Crime Story: The People v. O.J. Simpson]. Aquela já foi uma experiência insana, mas ainda não havia trocado de personagens em American Horror Story no mesmo dia e esse ano estou fazendo isso. Eu interpretei Billie Dean Howard e Sally no mesmo episódio em Hotel, mas não filmamos no mesmo dia. Então essa foi a primeira manhã onde comecei como uma personagem e terminei como outra.

 

THR: Pelo crossover, Murphy prometeu o retorno de favoritos dos fãs. As bruxas de Coven estão de volta, além das estrelas de Murder House, incluindo Jessica Lange. Cody Fern é uma nova adição no papel-chave de Michael Langdon (o bebê de Murder House). Apocalypse será um presente para os fãs na parte de conectar o universo da série?
SARAH PAULSON: Cody Fern é um ator extraordinário e ele tem coisas incríveis para fazer. Trabalhar com ele tem sido muito emocionante e divertido. Para mim, essa temporada será como um especial dos melhores. Como se fosse a série The Love Boat com os melhores convidados retornando (risos). Como se você abrisse a porta e falasse, “Meu Deus, você voltou e você também!”. Como se fosse um álbum de melhores faixas ou algo assim.

THR: AHS acaba de ser renovada para a 10ª temporada. Enquanto você continuar em outros projetos (incluindo os de Ryan Murphy), você estará preparada para ficar em AHS até o fim?

SARAH PAULSON: Eu não estava brincando quando eu disse que continuaria fazendo AHS até meus 95 anos. O que eles vem fazendo tem me deixado muito animada. Como eu tenho dito, não faço ideia dos planos que o Ryan tem para mim.
É o mesmo que eu entrar e dizer: “Você quer que eu vá para a esquerda ou para a direita?” e então o que ele disser, eu farei. (Risos.) Então, eu não sei quais são seus planos para mim quanto a AHS, mas, com certeza, você verá rastros nas paredes deles tentando me arrastar para fora se algum dia me pedirem para deixar a série.

THR: Com quem você está mais ansiosa para conversar no Emmy depois das festas deste ano?

SARAH PAULSON: Eu só consigo ver Sterling K. Brown uma vez por ano para jantar, enquanto eu costumava vê-lo todos os dias no trabalho. Então será emocionante. Betty Gilpin, que está em Glow e é uma grande amiga. Sua indicação foi provavelmente a mais emocionante porque eu achei que ela está incrível na série. Eu soltei um grito quando vi que ela havia sido indicada e enviei-lhe um texto com vários emojis. Também, Laurie Metcalfe e Mandy Patinkin – Eu poderia falar com Mandy Patinkin sobre qualquer coisa, eu acho que ele é um dos atores mais atraentes do mundo.

THR: Termine esta frase: Deve haver uma categoria do Emmy para…

SARAH PAULSON: Eu gostaria que eles dessem Emmys para todos os membros da equipe. Quando uma produção ganha por Melhor Série, acho que todo membro dessa equipe deveria levar um troféu para casa. Não há como os programas serem o que são sem todos os membros. Os escritores e os showrunners conseguem levar essas estátuas para casa e eu acho que a equipe também deveria receber uma.

American Horror Story: Apocalypse estreia hoje às 23h00 (horário de Brasília) no FX USA, e será exibido no Brasil no dia seguinte, quinta-feira, às 16h00, no FX Brasil. Para receber novidades diárias sobre American Horror Story, siga-nos também no FacebookTwitter Instagram.

Por Gabriel Fernandes em 12 de September de 2018

"Tu fui, ego eris". Arquiteto e urbanista, ilustrador independente, colecionador de mangás e grande apreciador do gênero terror em filmes, séries e jogos.