Sarah Paulson fala sobre sua experiência como diretora em ‘Apocalypse’

Sarah Paulson tem sido uma parte importante do universo de American Horror Story desde a primeira temporada, então é plausível que a primeira vez em que ela foi para trás das câmeras para dirigir um episódio foi com o episódio “Return to Murder House” de Apocalypse, o oitavo ano da série antológica. Mas não foi o primeiro episódio que ela foi requisitada a dirigir.

“[Ryan] me pediu para dirigir um episódio de Feud porque ele sabia que eu iria amar trabalhar com todo aquele elenco numa história sobre atores,” disse Sarah à Variety.

Embora Sarah admita que a ideia a chamou atenção, o momento não era favorável — ela estava prestes a filmar Oito Mulheres e Um Segredo, e não parecia que ela teria tempo suficiente para se preparar e “ler cada livro sobre aquelas mulheres que pudesse pegar para estar o mais por dentro do assunto o possível.”

“Sou uma garota que gosta de estar preparada, então queria estar num mundo onde eu sentisse que conhecia muito bem,” disse ela, notando que American Horror Story se tornou o lugar perfeito para se aprofundar na direção. “Pois eu já que estou nesta série por tanto tempo, eu realmente entendo tanto o estilo visual quanto as escalas emocionais do que acontece nas cenas.”

Mas antes que Sarah recebesse as chaves do episódio de Murder House, ela diz que Ryan Murphy primeiro a pediu para dirigir o oitavo episódio. Não foi até somente uma semana antes que “Return to Murder House” deveria começar a ser filmado que ele a contou que havia mudado de ideia. Mesmo que Sarah admita que não se sentia pronta no começo, ela avançou através de dúvidas em cada momento onde Ryan a ofereceu oportunidades antes, era a escolha certa para ela acatar. Então ela manteve o padrão.

“Eu pensei, ‘Não deixe o medo de falhar lhe atrapalhar. Nunca funcionou para você fugir de algo pois você tem medo’. Então eu achei que era melhor dar atenção ao pedido dele.”

Numa tentativa de afastar parte do medo, Sarah participou de um curso de nove horas da DGA, que todos os diretores iniciantes agora são requisitados a fazer, escutando palestrantes como Leslie Linka Glatter, Dan Attias e Paris Barclay.

Ela também assistiu Murder House novamente, para estudar o estilo visual — mesmo não gostando de se ver nas telas. Seu objetivo era criar “imediato reconhecimento visual” para a audiência que estava voltando para aquele mundo. “Certas regras da série se tornaram claras,” disse ela. Por exemplo: “Toda vez que você está no escritório de Ben, você sempre vê o teto.”

Enquanto ela queria manter os visuais consistentes, ela também queria deixar sua própria marca. “Uma das coisas que Dan Attias disse foi ‘Você tem que trazer você. Você tem que se colocar nesta história. Tem que levar isso à frente’. E esta é forma que eu uso para atuar — eu não tento mudar os meus instintos, eu os escuto e tento responder de volta, e então eu pensei, por que seria diferente de um ponto de vista de direção?”

Um caminho que foi importante para isso foi a forma que ela filmou Cody Fern como Michael Langdon, que nesta parte da história era “só uma criança que amava sua avó e foi forçado a fazer algumas coisas que as vezes o surpreendia.”

“Existe aquele momento onde os satanistas vão até a casa, e ele está de pijamas, essencialmente, e não estava no roteiro que ele estaria de boxers e t-shirt, mas eu queria que ele parecesse um garoto. Eu queria a justaposição de, ‘Lembre, ele não está no final da estrada ainda. Ele ainda não virou o que a gente como audiência já sabe sobre Michael antes deste episódio,'” Sarah explica. “Eu achei que seria interessante se apoiar no fato de que ele é apenas um garoto… Eu não queria que ele tivesse uma grande certeza; queria que ele estivesse descobrindo, também.”

Mesmo que este tenha sido somente o sexto episódio da temporada, o que significa que há bastante história ainda a contar, ela quis providenciar algum desfecho. Por isso ela fez Madison (Emma Roberts) girar seu pulso para que o portão da Murder House fechasse.

“Não estava no roteiro. Foi algo que eu adicionei enquanto estávamos gravando, pois no começo eles abriram o portão com magia, e então eu queria que eles o fechassem, deixando Violet e Tate lá.”

A parte mais dificil para Sarah, entretanto, foi o número de cenas que ela foi atarefada a filmar: 72 cenas. “O episódio que gravamos antes do episódio seis teve 28 cenas. Se isso lhe dá qualquer ideia do volume e responsabilidade,” disse ela.

Algumas das cenas eram monólogos de personagens de Jessica Lange e Connie Britton, onde Sarah gravou uma variedade de close-ups, incluindo ângulos dutch, para estudar a emoção de seus rostos. Outros foram tomadas mais curtas para detalhar mais as histórias sobre Michael que os personagens estavam contando — como Constance encontrando roedores mortos que seu neto estava deixando para ela, ou então plantando roseiras sob os corpos que ela enterrava. E claro, havia o momento onde Sarah teve de aparecer em tela como a psíquica Billie Dean Howard.

“Foi bastante impressionante, e eu acho que a única maneira que eu fui capaz de fazer isso foi somente focar no dia, mesmo, e tentar manter a visão completa com minha visão periférica. Eu sempre tive a história como periferia, falando como um todo, mas eu só podia focar em ‘Qual foi o trabalho de hoje?’. As vezes eu acho que é muito exaustivo tentar sustentar tudo a todo momento do dia — tipo como se fosse para qualquer aspecto da vida”, diz Sarah. “Mas não dói ter Ryan Murphy com um megafone atrás de você falando, “Você pode fazer isso, você pode fazer isso! Você precisa fazer isso!”

American Horror Story: Apocalypse é exibido todas as quartas-feiras às 23h00 (horário de Brasília) no FX USA, e exibido no Brasil no dia seguinte, quinta-feira, às 15h20, no FX Brasil. Para receber novidades diárias sobre American Horror Story, siga-nos também no FacebookTwitter Instagram.

Por Gabriel Fernandes em 19 de October de 2018

"Tu fui, ego eris". Arquiteto e urbanista, ilustrador independente, colecionador de mangás e grande apreciador do gênero terror em filmes, séries e jogos.